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15 de ago. de 2014

Editorial


Primeiro, uma não tão breve explicação: O 4º período está acabando e o "produto" final chegou hoje: o jornal laboratório produzido na disciplina de Jornalismo Impresso. Ele tem um valor maior do que "Ei, olha meu nome num jornal impresso, assinando uma matéria!", porque foi uma conquista e quase um milagre eu ter conseguido fazer tudo que foi solicitado - tive alguns problemas no percurso desse período e espero me recuperar nos dois próximos.

Além de repórter, fui escolhida como Chefe de Reportagem. Apesar do estresse inicial, de ter ficado doente no meio do processo e de enfrentar algumas "novidades", dei o meu melhor e acredito que consegui. Eu quis tanto me esforçar nessa disciplina que funcionou. Sempre sonhei com o dia em que meu nome estaria assinando uma matéria num impresso e apesar de ser uma disciplina obrigatória, fiquei bem feliz antes, durante e depois de ver o jornal (Questão de Ordem) pronto. Entre as matérias, a crônica e as notinhas que fiz, tive a sorte de fazer o editorial com o editor adjunto (Wanderson Fernandes). Inicialmente, era uma postagem de "volta" ao blog, mas se transformou em algo melhor, então decidi compartilhar aqui do mesmo jeito.

"O verdadeiro apartheid dos estudantes de jornalismo é o desejo. Uma simples inclinação à profissão e a vontade são insuficientes nesse momento, é preciso desejar. Um dos maiores desafios do semestre foi reascender o desejo ou procura-lo dentro de nós mesmos. Alguns o encontraram na ilusão “vou ser jornalista pra mudar o mundo!”, outros, na adrenalina de conversar com as fontes e ainda existem aqueles que sequer começaram a desejar.
Contudo, quando começamos a estudar o Jornalismo na teoria, descobrimos que a prática não é algo tão simples assim como em nossa utopia. Aprendemos a diferenciar o que é informação e o que é notícia, como abordar certos assuntos, que fontes utilizar, e a organizar as ideias de forma a criar um texto coeso. E o mais difícil: colocar tudo isso em prática ao mesmo tempo.
 Essa dificuldade foi nosso combustível. Finalizar essa edição era mais que questão de honra, era comprometimento e competência. Poderíamos ter feito duas edições às pressas, mas escolhemos apenas uma, para produzir com cuidado, tempo, qualidade e, principalmente, paciência. E assim, essa produção foi muito mais que um simples jornal de uma disciplina.  Foi a ponte que precisávamos para conhecer parte do universo que é esta Universidade.
Começamos com um diferencial nesta edição: um caderno especial sobre os 50 anos da ditadura militar e sua repercussão na Paraíba. São várias matérias que contam desde o período ditatorial na UFPB e as personalidades acadêmicas que viveram a época, passando pela Comissão da Verdade, que investiga os crimes cometidos pelo regime militar no Estado, terminando com uma entrevista com Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, um dos ícones pela luta contra a censura.
O cotidiano acadêmico também foi nossa fonte de informação. A atuação da Universidade Federal da Paraíba no maior evento de robótica do mundo, A RoboCup,  realizado aqui no Estado; as questões de acessibilidade no campus; o movimento pós-greve dos servidores da UFPB; e os serviços que as clínicas-escola oferecem à comunidade, ganharam tanto destaque que figuram na primeira página do jornal.
Questão de Ordem foi, além de nossa primeira experiência real em um jornal, um misto de sentimentos e reações. Dentre eles, o conflito ético dentro de cada um; a dificuldade de manter a postura profissional o tempo inteiro; a batalha interna sobre a escolha da profissão e a euforia de ir a campo entrevistar, produzir, redigir­­­­­ e ter a certeza da publicação. Ao fim, ver as matérias publicadas superou o drama das noites de sono perdidas pelas dificuldades em executar algumas pautas. Agora nos resta, contudo, a satisfação e o alívio de entregar ao leitor um trabalho feito com esforço e dedicação."

Espero que esse seja o primeiro passo (pequeno, eu sei) do que está por vir. Estou numa fase de teimosia: quero e tenho que experimentar a sensação de ver meu nome assinando uma boa matéria em um dos jornais que sempre li - e irei, prometo.