Jornalismo? Porque?

A escolha do curso

Há alguns anos decidi por Jornalismo - ou ele decidiu por mim. Eu nunca fui o tipo de pessoa que pensava demais sobre o que fazer na faculdade (até a minha 5ª ou 6ª série, eu sequer sabia o que era isso "de verdade"), achava que você decidia sua profissão e pronto, seguia ela. Quando criança, achava o máximo ser veterinária... Até que descobri que, para isso, eu precisaria lidar com animais mortos ou fezes. Depois, esqueci o futuro um pouco e quando a adolescência chegou, eu queria viajar (queria não, ainda quero!) - como se fosse possível viver disso a minha vida inteira. Viajar, viajar, viajar... Mas isso lá é profissão? O desejo de viajar é permanente, carrego comigo até hoje e pretendo realizar quando puder. 

Mas e o Jornalismo? Pra ser sincera, não lembro exatamente quando ele surgiu na minha vida como uma ideia fixa, só sei que fazem muitos anos. Acho que surgiu da minha vontade, inicialmente, de escrever e mostrar pro mundo minhas ideias, dúvidas, curiosidades e convicções. Eu gosto do quanto me sinto viva escrevendo, lendo e, consequentemente, aprendendo ao absorver tanta informação. Procurei me dedicar à escrita e à leitura o máximo que pude, e quando surgiu a hora de pensar sobre vestibular, faculdade e afins, pesquisei tudo o que se encaixava no meu "perfil". Um perfil confuso, confesso, que até hoje ainda possui incontáveis dúvidas, mas naquela época me surpreendi: qualquer teste vocacional me direcionava pra comunicação. Logo eu, introspectiva quando estava no começo da adolescência, na comunicação? E aí pesquisei incansavelmente, cheguei a imaginar que era coisa da minha cabeça, que era loucura optar por isso. Era loucura sim, mas eu precisava, sair do casulo era o passo inicial. Ler sobre o Jornalismo me mudou, e foi essa transformação que me fez escolher o curso.

Quando falo de transformação, estou me referindo à minha personalidade. Aos 11 anos, por exemplo, eu era incrivelmente tímida, apesar de sentir uma necessidade absurda de me abrir e conversar com qualquer estranho na fila do pão. Hoje, eu sou aquela pessoa irritante que puxa assunto com qualquer um. Essa mudança drástica aconteceu quando eu percebi que o medo de falar, expor minhas ideias e repassar informações era muito bobo, então eu superei, como quem supera um pé na bunda - só que mais rápido. Posso entender porque no início minha mãe não achava que eu tinha vocação pro Jornalismo, acho que todo mundo concordava com ela, no fundo. Eu não tinha esse perfil escancarado para o mundo... Aliás, ainda não tenho completamente, mas hoje já escuto muitos elogios que inflam meu ego e me dão confiança pra seguir nesse caminho. Ainda bem. 

E eu decidi. Era Jornalismo, tinha que ser, nada mais servia pra mim. Tentei me ver em qualquer outro curso, mas simplesmente não funcionava, porque o Jornalismo me chamava, me queria e eu fui. Acho que depois de decidida, nunca desacreditei que eu podia e que eu iria amar meu curso - por isso, o amor só aumenta. No início, pensava que só me encaixava na escrita, que iria parar num jornal impresso (aliás, era fascinada por isso), mas agora penso que posso me encaixar onde eu quiser. Tenho essa vontade incontrolável de comunicar, de fazer a diferença, de ajudar, de conectar pessoas através de notícias... é um pouco inexplicável, mas é isso. Ainda não decidi para qual vertente devo seguir, o jornal impresso ainda é uma opção forte, mas hoje me vejo até como repórter de um telejornal, ou numa revista, quem sabe? Acho que o principal eu já consegui: ser escolhida pelo curso. A próxima decisão (para onde seguir após ele) ainda vai demorar um pouco, mas essa indecisão momentânea vai servir pra algo: posso experimentar de tudo, até escolher meu lugar como comunicóloga. Mas talvez ele me escolha antes. 

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