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12 de fev. de 2014

As realidades, as opiniões e o jornalista

Toda essa possessividade com a opinião é balela, não adianta cabo-de-guerra para ver quem está com a razão. Elas nem sempre são equivalentes; um dia li que existem muitas verdades e não entendi de primeira, mas só o fiz quando saí da minha realidade e encarei as outras (infinitas): a sua, a dele, a nossa, a deles...Pois é: minha realidade pode até moldar a minha - e só minha! - opinião, mas não me dá um passe livre para me apossar da verdade única (impossível!). E aí me dizem "Se é assim, me limitar dentro da minha própria vida não é errado e minha opinião está certa, pois é sobre aquilo que vivi". Errado não é, mas todo ser humano deveria conhecer outras bolhas; e se esse humano for ou pelo menos desejar ser um jornalista, isso deixa de ser opcional e torna-se essencial para o bom exercício da profissão.

O jornalista e sua opinião formam uma faca de dois gumes, pois:
a) um jornalista sem opinião é um mero robô que reproduz qualquer anomalia que escuta, sem filtros ou bom-senso;
b) um jornalista com opinião demais (e extremista) vai viver um conflito interno (em algum momento de sua vida), entre moldar-se ao ambiente de trabalho ou recusar propostas de emprego que discordem só um pouco das suas opiniões.
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A ou B cansam, dão preguiça mesmo. Mas são necessários, pois sem os extremos, não teríamos o jornalista que eu quero ser. E é interessante pensar como só percebi isso quando entrei na faculdade, mas: que profissão perigosa! Não falo do perigo físico, mas o moral. Jornalista é uma figura que está em todos os cantos, que conversa com um monte de gente, que diariamente reproduz inúmeras informações. Esse é o problema e o encanto: a responsabilidade (e a importância) que o jornalismo tem.

O jornalista que eu quero ser tem opinião própria e, se não tiver opinião sobre algo ainda, ao menos busca saber o que é. Ele também tem sua realidade e a conhece bem, mas não abre mão de explorar outras e buscar o que ocorre nelas. O jornalista que quero ser é ético, justo e comprometido em transmitir uma notícia só depois que compreendê-la de diferentes pontos de vista. Ele também têm consciência da influência que suas palavras têm, e por isso faz bom uso dela, para não cometer nenhum equívoco e desencadear problemas.

Talvez esse jornalista que quero ser pareça utópico demais, mas sou teimosa.

Um comentário:

  1. Escolhi o jornalismo pelos mesmos motivos que você. Me identifiquei muito com você!
    Continue escrevendo no seu blog, está muito bacana.
    www.sweets2dreams.com

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